quinta-feira, 28 de abril de 2011

É como andar descalço na lama, tomar banho de chuva quando tá calor e o céu salmão, como beijos quentinhos debaixo do edredon no frio, subir numa arvore e ver tudo verdinho lindo a crescer, beber vinho numa praia deserta, ver filmes surreias depois de fumar um, fazer sexo assim quando acorda, abraçar alguém desconhecido em meio a solidão, viajar sem dia pra voltar, comer chocolate com morango na fossa, revirar o armário e achar algo da infância, ouvir um poema em francês pertinho do ouvido, sentir o cheiro de alguém que tem saudade pela casa inteira, ouvir um blues na vitrola, deitar na grama depois de rodar de mãos dadas, perceber o amor de um bichinho pelo olhar, é como voar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Minha infância teve gosto de sonhos, de pó de nescau no potinho, do aperto do abraço do meu pai, do barulho do disco da Elis da minha mãe, da cana do quintal da minha vó e do mundo que eu e a minha irmã criamos dentro de um quartinho de bagunça. Minha pré-adolescência teve gosto de sonhos, de pirulito de laranja comprado no portão da escola, do cheiro do meu cigarro de menta, e dos beijos nos meninos pelos corredores. Minha adolescência teve gosto de sonhos, de noites embriagadas, de musicas que meus pais ouviam que agora quem ouvia era eu, de beijos em meninos e meninas, do conforto do amor de meus amigos, do medo de crescer e da descoberta de mim mesma. Quando eu crescer quero que os sonhos sejam reais, para eu poder experimentar outros gostos, mas que tudo continue tendo gosto... de sonhos.