domingo, 13 de maio de 2012

... E nós abusivos de tudo, viajantes sem mapas, lá fora o tempo que roda, aqui dentro as perguntas que gritam. Quando era criança fiz do quintal de barro o meu forte, eu me protegia. Respiro insegura, mergulho a cabeça, levanto, respiro. Cadê meu forte? Preciso sumir. Respiro, tomo um chá, o disco que roda na vitrola não me responde. Que tal assoprarmos todos esses dentes de leão que tem no quintal? Talvez nossos dias possam mudar. É estranha a sensação de que um ato agora, nosso ou de alguém que entre no nosso caminho, mude tudo. – O que será de mim? Por favor, me cala.

Ele é aquela vontade de comer bolinho de espinafre.

Trouxe a calma como quem fica horas olhando o céu, descobrindo animais feitos de nuvens, andou por cima do mar e me trouxe flores, beijou - me, misturando o seu suéter cheio de pelos de gatos junto ao meu. O tempo parece voltar quando ficamos horas falando sobre a nossa infância, posso ouvir até a voz da minha mãe na cozinha nos chamando pra tomar o café da tarde enquanto rola Charlie Brown and Snoopy na teve. O seu olhar sabotou o nosso destino já traçado, hoje eu esfrego tuas costas no banho, juntamos nossos discos, livros e cheiros, ardemos dia e noite e o meu nome está tatuado no seu lábio de baixo. Fazemos planos, como quem planta um ypê roxo e espera a primavera, para ver tuas bonitas flores brotadas – Eu gosto de te ver dormir.