sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Liu e Kiu

Olha, o céu ainda está salmão com tons azuis. Veja como o vento balança as roupas no varal. Agente sempre gostou de deitar na grama e sonhar, contar as estrelas e sentir o vento bagunçar os nossos cachinhos. Me diz o que houve, éramos tipo aquelas gemêas siamesas de circo que não se desgrudam, éramos crianças. E tudo mudou, não há mais circo em que façamos parte, é tudo fotografia, memórias e saudade.

Nossos sapatos apertados.

Esqueci as roupas sujas em cima da cadeira, alguns retratos pendurados na parede, o abajour aceso, um chá de maça esquentando no fogão, e todas as janelas abertas. Como um mar que não naveguei por inteiro, nem senti o gosto salgado da agua, fui para outro lugar, na nascente de um rio talvez, um lugar mais a minha cara. Tirei os sapatos no meio do caminho, e lavei meus pés na lama e fui.Me sinto leve agora, por provar o gosto doce do rio, e não ficar só na beira dele.