sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pimenta, solidão e macarrão.

Pois bem, o primeiro jantar com a mesa de jantar bagunçada, foi só. Entediante como qualquer jantar só, mas não era só isso, era o PRIMEIRO jantar, e ainda com a minha gata me olhando com um olhar do tipo “Eu posso até te ajudar a comer, só pra preencher tua solidão”. Mas a essa altura meu macarrão com ervilhas estava tão entupido de pimenta que isso não iria lhe fazer bem Carlota (é o que eu penso em dizer em seguida) Enfim, aí vai receita do desastre: afogo o macarrão na água e óleo como o meu peito que parece subterrado num lamaçal desgraçado, depois jogo bastante pimenta no molho para depois quando o macarrão estiver pronto misturar tudo numa só panela assim como é a bagunça da minha vida e principalmente a da mesa , tudo isso claro, com o álbum da Adriana Calcanhoto 1992 no repeat só pra fossar tudo de uma vez, e por fim engulo tudo só pra sair logo daquele desdém todo. Bom apetite Liliane!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011





Já vi esse sorriso antes, esse que aparece na sua fotografia. Nós já brincamos juntos, já corremos na rua e machucamos os nossos joelhos, deixamos a marca dos nossos pés na lama, te via boba e olhava o céu enquanto você soltava pipa, sorria enquanto pintava papéis, os dedos o rosto e os nossos caichinhos. Te conheci na minha infância, é de lá que conheço esse sorriso e as vezes, num bom dia ou em meio a uma sessão de cosquinhas eu vejo esse sorriso infantil e bonito. Conheço bem ele, porque é o que sempre tive e levei comigo e é a única coisa que me salva quando tudo está escuro.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Êxtase noturno.

Com o gosto da cerveja e do cigarro encurralado na boca e assim sem mais nem menos ou talvez pelo clima do centro As Vitrines do Chico toca na minha cabeça, ouso até em cantar algumas partes, mas me embaraço em tantas pernas indo e vindo, tantos olhares calmos e outros preocupados, cada um tem a sua história cada um tem a sua saudade, aí de novo a musica me avisa que a cidade é um vão da minha mão, compulsivamente a vontade de correr que nem criança por aquelas ruas com luzes amarelas, dá vontade de que a vida seja um filme, o meu filme.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011



Crianças ruivas são atentadas, e se tá nascendo sardinhas no rosto então. Uma noite ela foi brincar no primeiro andar, e no apartamento o vento batia forte e fazia um barulinho irritante na janela só ouvi a voz no fundo do pai dela " Marilia é foda", com aquela voz de taquara rachada aquele gritinho só podia vim de Marilia ou da janela mesmo, mas era apenas o vento, eu gargalhei.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quero que meus filhos tenham a mesma infância que a minha, mas que tenham mais lama, banho de chuva, rua, ciranda, mais tinta. Roupa suja de barro, arvores para se pendurar, castelos de areia, uma estante gigante de livros, nuvens para pisar e tirar os pés do chão, grama pra rolar, fantasias, os animais que escolher, uma horta pra plantar e colher, mais bigodes de chocolate. Uma cama grandona pra pular, uma cabana feita de lençois toda vez que quiser fugir do mundo afora, tesouros pra achar outros pra esconder, uma parede de casa pra pintar o que quiser, filmes malucos, um montão de amigos imáginarios e reais, mais fotografias. Quando eu tiver filhos quero que eles sejam acima de tudo crianças, livres, com a mente sem barreiras, sem preconceitos. Eu quero uma casa no campo e filhos de cuca legal.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Liu e Kiu

Olha, o céu ainda está salmão com tons azuis. Veja como o vento balança as roupas no varal. Agente sempre gostou de deitar na grama e sonhar, contar as estrelas e sentir o vento bagunçar os nossos cachinhos. Me diz o que houve, éramos tipo aquelas gemêas siamesas de circo que não se desgrudam, éramos crianças. E tudo mudou, não há mais circo em que façamos parte, é tudo fotografia, memórias e saudade.

Nossos sapatos apertados.

Esqueci as roupas sujas em cima da cadeira, alguns retratos pendurados na parede, o abajour aceso, um chá de maça esquentando no fogão, e todas as janelas abertas. Como um mar que não naveguei por inteiro, nem senti o gosto salgado da agua, fui para outro lugar, na nascente de um rio talvez, um lugar mais a minha cara. Tirei os sapatos no meio do caminho, e lavei meus pés na lama e fui.Me sinto leve agora, por provar o gosto doce do rio, e não ficar só na beira dele.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Dom Marry



Terei que me despedir, mas só de te ver sempre, buscar na escola, entra no sebo e você só escolher livros estranhos, ouvir seus assuntos de outro planeta, de você prender minha atenção com eles, de ver você contando os fuscas nas ruas e ver que já está quase nos mil e poucos, de sonhar junto a mim, aflorar minha imaginação e fazer eu voltar a um mundo que me pertencia, pintar sonhos no papel e pendurá-los num varal para admira-los. De ver que você tem muito de mim, da minha infância, de conversar sobre os meninos e ver nos seus olhinhos que é tão pequena, mas que o amor já a atingiu. Terei que me despedir desses dias, mas caso eu não agüente muito vou te buscar pra passar uns dias comigo, caso eu não participe muito da sua vida quando eu estiver longe não se esqueça de mim, caso você cresça logo e sinta que tudo é uma bagunça que você saiba que pode me procurar pra esconder seus tesouros e segredos. Lembre sempre do Catindúm, Lila, Esquilinho, Sua Babá. Porque eu te amo desde o dia que te peguei nenenzinha no colo, cresci e virei criança com você. Seja livre, alegre, criança, viva. Seja sempre minha Dom Marry, a menina que saiu de um livro muito doido que alguém que contava estrelas na floresta , e encontrou uma flor vermelha e se inspirou nela escreveu. Seja Marilia, a grande mulher que será um dia.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eu não ligo de dormi num colchão de solteiro no chão, foi eu que escolhi. Também não ligo de alguns dias dormi sozinha, aprendi a ficar comigo e me sentir bem. Não ligo de tomar café em vez de coca-cola na manhã de ressaca, nem de tomar mordida de formiga no pé, é um jeito delas mostrarem que estão vivas e me lembrarem que eu também estou. Não ligo de não ter terminado as aulas de violão, assim me dá vontade de aprender outros instrumentos. Não ligo de ter uns 15 filmes pra revelar e não nunca sobrar um puto pra pagar ao menos um, eu sei que vai ser sempre uma emoção quando revelar algum e ver fotos que eu nem lembrava que tirei. Não ligo se ta chovendo ou ta um puta calor, aprendi as gostar de todos os climas. Agora meu amigo, quando a coisa acontece aqui dentro é difícil não ligar.

Eu sou uma bagunça!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quero mostrar o tempo inteiro que gosto e me importo, mas nao sei fazer isso. Então eu calo. Ele não aguenta. Mostro como o beijo que a Wendy quer dar ao Peter, dizendo ser apenas um dedal. Ele não entende. Então suspiro.

São os seus olhos de menino.

São eles que sempre me dizem que vão acontecer os nossos sonhos. Quando eu tenho medo que os nossos sonhos sejam apenas sonhos. Por serem olhos de menino eu acredito, e então eu sonho mais alto.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Agente se apega a pessoas que cativam o nosso amor, e quando elas plantam flores no nosso coração agente quer amar elas dos pés a cabeça e se for possível todo dia ver um sorriso, ser for possível colocar ela lá na nossa infância pra sentir aquele amor inocente, se for possível pagar um café toda manhã , se for possível guardar no bolso e amar amar, amar até o fim.

É inteiramente surreal a sensação de entrar na loja de móveis antigos e ver que o seu gosto pra móveis antigos é o mesmo que o meu. Eu acabo me sentido uma criança anestesiada de sonhos ouvindo você falar onde vai ficar legal por eles na sala, me causando lentamente um frio na barriga, as incriveis borboletas da ansiedade.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Aí a gente fica descalço na vida, na rua.
A gente quer voar sem os sapatos,
sentir o ar correr entre os dedos e os cabelos.
A gente quer arder, não só na carne.
A gente quer arder na alma.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Coisas quadradas.




Uns ouvem vinis, outros preferem silêncio. Da janela ambulante, acompanho as janelas paradas. Outra vez já estive lá em uma delas, e em varias janelas muita coisa acontecia, tinha gente se amando, outras brigando, tinha gente chorando, gente sofria. Alguém pra nascer, alguém pra morrer, umas com cheiro de café, outras vazias. Janelas da solidão, janelas cheias de vida.