domingo, 21 de julho de 2013


Com os olhinhos pequenos dançando John Coltrane toda desengonçada no meio da sala, me disse que sentia cócegas na alma e o rosto quente, que se sentia no auge de sua lucidez e que podia ouvir todos os instrumentos aguçados lhe fazendo arrepiar todos os pelos.

Um Poema Para Minha Bicicleta



Você que faz os meus olhos fecharem, e o vento bagunçar meus cabelos.
Faz da minha vida desengonçada, um tanto mais equilibrada.
Aqui na cidade longe do mar, Elvira é meu alento.
Amo até os calinhos da minha mão que ela deixa no final do passeio.
Você que se tornou uma caixinha onde guardo só boas sensações.
Você Elvira, verdinha tão linda que me enfia em ruas desconhecidas.
Vaga-lume na escuridão.
E em dias frios me esquenta.
Com o Yann Tiersen no som, e um verdinho na mão parece até cinema.
Ah Elvira, para as nuvens me guia.
Elvira, minha Elvirinha, você é a minha magrelinha.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

No Sense




Você vai bater na porta às 01:32 da manhã com os cabelos pingando de chuva , os lábios molhados e a primeira vista a minha vontade vai ser de beija-los, mas brigamos a noite passada e essa coisa ridícula de o orgulho é seu e a culpa não foi minha vai me fazer ficar na minha e esperar você começar, você já vai entrando porque o comodismo que se criou entre a gente dispensa qualquer pudor que tínhamos no começo, você vai ascender seu cigarro delicadamente e andar em direção a janela "Fuma esse cacete direito, você não precisa ficar com essa pose alá garotinha francesa, pelo menos não pra mim" mas não digo nada o cansaço me deixa sem qualquer palavra. É esse silencio que fode tudo, que queima a garganta e nos deixa cheias de coisas não ditas, coisas que ficam e passam e acabam com a gente. Para de ser cuzona, Elisa. Olha, sabe o que tá estragando tudo? são esses seus desdéns, esses que você não enxerga porque você quer que eu ache que você está pouco se fudendo pra gente, é essa sua frieza que não me esquenta nem debaixo do edredom, são esses seus amigos do teatro que você trás aqui em casa que semprem acabam ficando bêbados falando de todas as pessoas que você já trepou, é você não ligar pra minhas plantas e ficar sempre jogando cinzas de cigarro nelas, é você querer que eu esteja sempre disposta a te fotografar e não percebe que era mais gostoso pra mim te fotografar no começo quando você dormia nua na minha cama sem que você pedisse, é essa sua fuga de tudo, é você sempre querer que a nossa vida juntas seja um filme, todo dia, não aguenta o tédio, a solidão, a falta, não aguenta nada, nem tomar um porre de cachaça e não vomitar. Você não aguenta quando eu te mostro para você mesma, vai dar sua ultima tragada olhar para a cidade enquanto pensa " Ah, foda-se " e vai bater a porta. Vai ligar pra alguém do teatro e ter uma noite de sexo barato e sem graça. Acaba assim, Elisa.

E o que fica em mim são lembranças desconcertantes quando escuto Caetano Veloso A Little More Blue enquanto lavo os meus lençóis com o cheiro do seu sexo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Eu cantei baixinho, e você dormia. Eu só queria que soubesse o quanto eu acho bonito como as coisas acontecem aqui, e que se eu não digo é porque as palavras estragam tudo.



Em qual parte do seu corpo eu ainda não encostei? eu que me encontrei na fumaça do nosso baseado enquanto um disco riscado de Bethânia rodava. Eu que juntei os meus panos e agora ando pela Marechal Deodoro procurando apartamento, porque a vista de lá nos inspira. Eu me esqueci quem eu sou, e aquele lugar tem algo para me mostrar. Repeti tantas vezes que eu não sou de ferro, sou feita de coração e recebo tudo por inteiro, você não entende. Em qual parte do seu corpo meus lábios ainda não beijou? Você me disse que eu precisava sair dessa de ficar alucinando, fazendo da minha vida uma irrealidade. E eu lhe disse mais uma vez que não sou de aço, minha pele arde, gosto de ficar sozinha botar uma fossa pra ouvir, fumar meu maço de cigarro e beber uma garrafa álcool SOZINHA. Mas você achou tudo uma grande besteira e me puxou para sua vida onde eu não fazia parte de nada e agora minhas tintas a óleo mancham suas roupas e você sempre reclama, e agora você tem cicatrizes na pele de arranhões que os meus gatos fizeram, e agora tens o meu nome tatuado no lábio e agora não existe sequer uma parte no seu corpo, junto de manchinhas de nascença, pintas ou tatuagens que eu não conheça.